Nebraska (2013)
Em Nebraska, reside a derradeira jornada - A jornada -, aquela em que são investidas as últimas forças, em que ainda parece possível redimir todas as falhas, todas as ausências, todas as omissões. Num pedaço de papel Woody irá colocar a esperança e os sonhos que não realizou, como se disso dependesse tudo o que está para trás e que não foi concretizado.
Vão sendo desfiadas ao longo da viagem até Lincoln para reclamar o almejado prémio diversas memórias e facetas dos vários intervenientes - em que raramente as versões coincidem. Curiosa a construção de várias perspectivas sobre a realidade, sem que se chegue propriamente a uma conclusão - não é esse o objectivo. Cada interveniente mostra apenas a sua versão da história, não necessariamente igual à do vizinho ou do primo.
Woody faz parte da família Grant e os homens Grant falam pouco, todos eles. Alexander Payne brinca com esse factor e introduz uma imagem monte rushmoriana assaz jocosa aquando do reencontro da família na casa da tia Martha. Aquele silêncio rochoso, as palavras arrancadas a ferros, a informação sucinta e resumida, homens esculpidos à semelhança do Monte Rushmore, versões inacabadas, incompletas - recorrendo à definição do próprio Woody.
No final, não vencer torna-se pouco importante, estreitam-se laços familiares e, acima de tudo, laços humanos. Recebe-se o brinde de ter passado finalmente tempo em conjunto, após uma longa vida de percalços e falhas de comunicação. Traz-se para casa um boné de vencedor sem o ter sido na acepção moderna da palavra, longe do sucesso material ou até mesmo de uma existência de glórias e feitos dignos de menção.
Nebraska fala-nos sobre pessoas mal esculpidas, feitas de cansaço e falhas, fala de uma família conturbada como tantas outras famílias mas com desejo de reparação através da arte. A diferença fulcral entre as esculturas rochosas e as pessoas é que estas últimas têm a oportunidade de aceitar as suas limitações e viver com elas o mais pacificamente possível. Aceitar que nem tudo é aceitável mas que talvez seja possível conviver com isso, viver com isso, sobreviver bem com isso.
Apesar de ser um bom filme, assenta em premissas já muito vistas em cinema, lugares-comuns suficientes para deixarem a sensação de que se encontra em esforço, tentando juntar as peças e não dando o devido espaço ao espectador para que tire as suas conclusões. Está tudo lá.
Classificação 4/5
No final, não vencer torna-se pouco importante, estreitam-se laços familiares e, acima de tudo, laços humanos. Recebe-se o brinde de ter passado finalmente tempo em conjunto, após uma longa vida de percalços e falhas de comunicação. Traz-se para casa um boné de vencedor sem o ter sido na acepção moderna da palavra, longe do sucesso material ou até mesmo de uma existência de glórias e feitos dignos de menção.
Nebraska fala-nos sobre pessoas mal esculpidas, feitas de cansaço e falhas, fala de uma família conturbada como tantas outras famílias mas com desejo de reparação através da arte. A diferença fulcral entre as esculturas rochosas e as pessoas é que estas últimas têm a oportunidade de aceitar as suas limitações e viver com elas o mais pacificamente possível. Aceitar que nem tudo é aceitável mas que talvez seja possível conviver com isso, viver com isso, sobreviver bem com isso.
Apesar de ser um bom filme, assenta em premissas já muito vistas em cinema, lugares-comuns suficientes para deixarem a sensação de que se encontra em esforço, tentando juntar as peças e não dando o devido espaço ao espectador para que tire as suas conclusões. Está tudo lá.
Classificação 4/5
Por CS
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